Quem enfrenta falência experimenta sentimentos como vergonha, culpa e desespero. Como a ficha muitas vezes demora a cair, resultado da negação que se costuma viver até que a realidade se imponha de tal forma que não é mais possível ignorá-la, o estrago já provocou grandes abalos emocionais. Nós somos País com forte talento empreendedor. Segundo levantamento mundial da GEM (Global Entrepeneurship Monitor), ocupamos o primeiro lugar, seguidos da China e dos Estados Unidos. Porém, a triste notícia é que até completarem quarto anos, 50% das empresas criadas fecharão. Dentre elas, as micro e pequenas correspondem ao maior número de pedidos de falência.
A tristeza de ver o sonho desmoronar é dor terrível. Junto a ela estão o sentimento de incompetência e a culpa por causar também o sofrimento a tantas outras pessoas que dependem daquela atividade. Essa fase, para alguns, é realmente muito difícil de superar. Empresários endividados são pressionados por todos os lados a pagar seus credores. São intimidados e constrangidos de forma cruel; o dinheiro passa a ser seu maior objeto de desejo, mas ele simplesmente não o tem. A impotência que se instala em não conseguir resolver seus problemas vem, em muitos casos, em razão da dificuldade em olhar para a situação de forma racional e distante. Os sentimentos que consomem o empresário falido, que perdeu tudo após anos de conquistas, impede-o de olhar para as soluções e fazem com que o tormento e o desespero prevaleçam.
Quem consegue superar essa fase percebe os erros cometidos, não se desqualifica e trilha nova jornada empreendedora. Essa pessoa terá conseguido aprender as lições necessárias e não imputará a si ‘castigos emocionais’. Esses só servem para minar a autoestima e a confiança. Todos nós erramos!
Vida desregrada na alimentação, abuso do álcool e maus hábitos resultam em doenças. Assim como a falta de autocontrole e organização – nas ideias e ações – resulta em vidas pessoal e profissional irregulares e em declive. A falência, em geral, também envolve erros. Em não sendo o caso de empresários inescrupulosos, é preciso estender a mão e puxar esses empreendedores para lugar onde é possível dar a volta por cima. Quem ajuda acaba também evoluindo e saindo fortalecido. É relação de ‘ganha-ganha’. As pessoas falidas têm de focar no fato de a situação ser momentânea e não eterna. Elas precisam equilibrar as emoções, resgatar a autoestima e a confiança na capacidade de solucionar todas as pendências para voltar a sonhar e pôr em execução seus objetivos novamente.
Fonte: Diário do Grande ABC