Algumas empresas têm adotado licença-paternidade maior do que o determinado por lei, oferecendo 30 ou 40 dias como um benefício a seus funcionários.
Manter um empregado longe do trabalho por mais tempo leva a uma queda na produtividade, certo? Não, segundo as empresas que adotaram a medida.
A licença-paternidade foi estendida para 40 dias no início do ano e, segundo ela, a mudança vinha sendo planejada desde o final de 2015. Rossetto afirma que a empresa possui cerca de 7.000 funcionários, quase a metade homens.Segundo a diretora de Recursos Humanos da Natura, Fatima Rossetto, não há essa preocupação. "Realmente acho que indivíduos mais felizes são mais engajados, são mais produtivos", afirma.
Carolina Portella, gerente de RH da marca de roupas Reserva, afirma que a iniciativa de ampliar a licença para 30 dias partiu do próprio dono, Rony Meisler, após ele ter tirado um mês para ficar com o filho.
A empresa também diz que não há queda na produtividade. "Não temos esse medo porque existe a preparação [da área] para a saída dessa pessoa", diz Portella.
A medida ajuda "também para a reintegração das mulheres no retorno ao trabalho e para sua carreira no futuro", segundo a diretora de RH do Twitter para a América Latina, Mariabrisa Olivares. A afirmação foi feita quando a empresa anunciou a licença-paternidade de 20 semanas (cinco meses).
"A tendência do mercado é falar de equidade de gênero cada vez mais constantemente", afirma a responsável pelo RH na Natura.
Mas, se o objetivo é igualdade entre homens e mulheres, por que não dar o mesmo período de licença a todos?
Na Natura, as mulheres têm licença de seis meses –a lei determina quatro.
Rossetto diz que os 40 dias de licença-paternidade foram pensados para cobrir o primeiro momento da vida da criança, "período de maior mudança e adaptação do bebê e da mãe, questões hormonais e físicas", segundo ela.
Ela diz que, agora, os resultados da licença serão analisados na prática e a possibilidade de ela ser ainda maior vai depender dos impactos da medida e de quantos funcionários vão aderir, já que o benefício é opcional. "Vamos ver como vem a adesão. Se for positivo, por que não estender (o tempo)?"
Carolina Portella, da Reserva, também vê a possibilidade de ampliar ainda mais a licença-paternidade. "É claro que nosso sonho é conseguir licença-maternidade de 180 dias, levar pais para 180 dias. Acho que esse é o próximo passo de todas as empresas que estão preocupadas genuinamente com os funcionários", afirma.
O benefício da licença estendida é opcional tanto na Natura quanto na Reserva. Ou seja, se desejarem, os pais podem tirar apenas os cinco dias determinados por lei.
Pode parecer estranho alguém dispensar os dias a mais em casa, mas alguns funcionários ficam inseguros e preferem não deixar o trabalho por tanto tempo.
Segundo levantamento da consultoria Deloitte nos EUA, menos da metade dos mil entrevistados, entre homens e mulheres, consideram que as empresas em que trabalham criam um ambiente confortável para que os homens tirem a licença.
Mais de um terço disse que sentia que tirar a licença "prejudicaria sua posição no trabalho". Mais da metade (54% das mulheres e 57% dos homens) disse que tirar a licença seria visto como falta de comprometimento com o trabalho, e 41% sentem que perderiam oportunidades em projetos.
Fonte: UOL Economia (http://economia.uol.com.br/)