As empresas brasileiras levantaram US$ 13,35 bilhões em pouco mais dois meses, superando o total de US$ 8,1 bilhões emitido em todo o ano passado. Considerando a captação de US$ 1,5 bilhão feita pelo Tesouro em abril, esse montante sobe para US$ 14,85 bilhões. Segundo fontes do mercado, não há expectativa de nenhuma outra emissão antes de setembro, quando se encerram as férias de verão do Hemisfério Norte, que começam daqui a algumas semanas.
Na quinta-feira, a Petrobras veio ao mercado pela segunda vez e captou US$ 3 bilhões com a reabertura dos bônus 2021 e 2016. A demanda atingiu US$ 9 bilhões. Em maio, a estatal abriu o mercado para as empresas com uma emissão de US$ 6,75 bilhões, diante de uma demanda que bateu em US$ 20 bilhões.
A Suzano também esteve presente no mercado internacional na semana passada, após seis anos ausente, e captou US$ 500 milhões em green bonds, com selo verde.
A maior parte das operações se concentra no uso dos recursos para recomprar papéis que estavam nas mãos dos investidores com o objetivo de melhorar o perfil das dívidas das companhias. Muitas dessas empresas também têm aproveitado para alterar os covenants (cláusulas restritivas) dos bônus que estão recomprando, eliminando algumas limitações ou outras condições que foram estabelecidas nos contratos quando os cenários local e externo eram mais benignos.
Paralelamente à reabertura dos bônus 2021 e 2026, a Petrobras anunciou a recompra de papéis com vencimentos em 2017, 2018 e 2019. Outro emissor que aproveitou a abertura dessa janela foi a Marfrig, que emitiu US$ 900 milhões em bônus de 2023 e promoveu a recompra de até US$ 600 milhões em bônus com vencimentos em 2016, 2017, 2018 e 2020. A Cosan captou, também na semana passada, US$ 500 milhões em bônus de 10 anos e também abriu proposta para recompra de bônus 2018 e 2023. A mineradora Vale conseguiu US$ 1,25 bilhão, mas não usará os recursos para recomprar bônus. A Eldorado, por sua vez, que emitiu US$ 350 milhões, está engajada em pagar empréstimos com antecedência.
Os bancos observam a janela que se abriu desde maio aos emissores brasileiros, com a melhora do risco País, para eventualmente voltarem a captar recursos no exterior. Após mais de um ano sem que se veja as instituições financeiras nesse mercado, os candidatos mais óbvios a uma futura emissão são, de acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast, os bancos públicos, que estariam em situação menos confortável do que os privados em termos de capital.
O Banco do Brasil (BB) já monitora o mercado. A exemplo do que vêm fazendo várias companhias, o BB está envolvido em um programa de recompra de títulos de até US$ 200 milhões para melhorar o perfil de seu endividamento, conforme fontes. No ano passado, de acordo com o fato relevante da época, recomprou mais de US$ 500 milhões. Já os bancos de modo geral enxergam a oportunidade de retirar títulos subordinados que perderam o efeito de Basileia, que mede quanto um banco pode emprestar sem comprometer o seu capital, e atualmente implicam custos com juro em dólar.
"Há a percepção de melhora de investidores internacionais sobre o quadro político do Brasil e de que o prêmio de risco do País caia bastante, aumentando o apetite por papéis brasileiros. Além disso, a oferta desses títulos está muito baixa", afirma Leandro Miranda, diretor-gerente do Bradesco BBI.
Fonte: Jornal do Comércio (jcrs.uol.com.br)