Existe um famoso ditado popular que diz: “não há mal que nunca acabe e nem bem que sempre dure”. Ter essa visão otimista e de esperança em longas estiagens econômicas, após anos de lavoura farta e próspera é um tanto quanto difícil; a facilidade de acesso a informações que temos hoje via internet e noticiários muitas vezes nos tiram a visão de um amanhã melhor do que o que temos hoje.
Historicamente, em qualquer país que passou ou que esteja passando por uma crise econômica, o que mais se vê são os encapsulamentos das empresas e suas equipes em reuniões intermináveis para estudar reduções de despesas e custo, corte de pessoas e a incessante busca por culpados que destroem a missão, visão e valores da companhia dia após dia, além da enorme torcida dos acionistas para que o pior passe e que as vendas voltem para curar essa doença chamada “crise”; mas poucos procuram saber porque essa doença é tão mortal para alguns e tão saudável para outros?
Procurar culpados, sejam eles fornecedores, concorrentes e até os clientes é geralmente a primeira atitude que as empresas “doentes” tomam; esquecem de valorizar e avaliar quais são as atitudes positivas e negativas que a sua empresa possui e como isso pode ajudar na retomada do crescimento e na manutenção dos negócios durante um período de dificuldades econômica e financeira.
É como o caso de pessoas obesas que começam, com base em opiniões de terceiros, a tomar remédios para emagrecer, sem nenhuma avaliação médica que lhe diga qual é a causa raiz do seu excesso de peso; remediar apenas os sintomas com certeza não trará nenhum resultado imediato e pode levar, neste caso, a uma intervenção mais severa que seria uma cirurgia bariátrica.
Se transportarmos esta história para o contexto atual, onde todas as empresas estão enxugando os seus quadros de colaboradores, reduzindo despesas comerciais e cortando custos, podemos dizer que muitos estão operando as suas empresas com base num modelo que eu chamo de “administração bariátrica” onde, de maneira invasiva busca-se uma solução rápida e até de certa forma eficaz, para reverter um quadro grave de não atingimento de metas corporativas e retomada do crescimento saudável e leve da companhia. De imediato, os resultados são visíveis e importantes para a manutenção dos negócios, e a vontade de comemorar é muitas vezes maior do que o de seguir com a mudança cultural necessária para não se retornar à antiga forma. Neste momento é importante ter em mente três coisas: planejamento, planejamento e planejamento.
O planejamento estratégico da empresa, precisa ser a base de tudo, tanto no momento bom quanto no momento ruim. Este planejamento deve vir carregado de todos os tipos de experiências e deve seguir com bastante disciplina três passos que podem garantir um futuro próspero: (01) Posicionamento, (02) Diversificação dos negócios e (03) Foco do cliente.
(01) Posicionamento: fazendo alusão ao termo “cirurgia bariátrica” o posicionamento é basicamente a escolha da dieta perfeita para a empresa manter o seu peso ideal no longo prazo. Colocar objetivos claros de como a sua empresa deve estar nos próximos anos, considerando não só aspectos físicos e estéticos, mas também aspectos de performance mês a mês, sem cair nas tentações rotineiras é fundamental. Exagerar em despesas de consultorias e ou contratar ferramentas de gestão muito complexas para o seu modelo de negócios só lhe trarão insatisfações e dados que intoxicarão as suas equipes. Clareza e objetividade é e sempre será a alma do negócio.
(02) Diversificação dos negócios: apostar todas as suas fichas para manutenção do “peso” da sua empresa em apenas um tipo de exercício pode ser perigoso, ao mesmo tempo que tentar ser bom em tudo também não levará a resultados muito promissores. Para evitar que novas crises venham e exijam uma nova intervenção cirúrgica na empresa é importante ser especialista em “esportes de inverno e de verão”. Um bom exemplo atual são as empresas que mantém fatias dos seus negócios no mercado nacional e outros no mercado externo, aproveitando as marés de alta e baixa do câmbio.
(03) Foco do cliente: a grande maioria das empresas e dos seus concorrentes tratarão os seus clientes como “Deus” e desenvolverão todos os produtos e serviços em prol do cliente, com o custo mais baixo possível, mas será que é isso realmente que o cliente deseja? Diminuir a visão NO cliente e ter a visão DO cliente é um diferencial que poucas empresas têm. Um bom exercício neste sentido é olhar para o cliente do cliente e trabalhar incessantemente para fornecer soluções que o façam obter mais resultados com a sua empresa do que com o concorrente. Esta atitude será importante para reduzir o foco das negociações de preço e farão com que o seu cliente valorize cada vez mais.
Receitas prontas para o sucesso, infelizmente ou felizmente não existem. Cada empresa tem as suas particularidades e seus diferenciais e talvez seja este o grande poder que existe na mão de cada empreendedor. Dias bons e dias ruins sempre virão, por isso é importante entender como você aproveitará cada um deles quando eles vierem, para que no final os dias ruins tenham sido bons e os bons tenham sido melhores ainda.
Por Juliana Neitzke e Lucas Avelino – Gerente de Marketing da Biometrix Diagnóstica e Consultor de Resultados
Fonte: administradores.com.br