Apesar do papel proeminente da tecnologia nos negócios e na vida cotidiana, muitos economistas questionam se ela pode ser quantificada em métricas econômicas tradicionais, como PIB, produtividade e rentabilidade. Estudo realizado pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) mostra que sim, pois a redução dos investimentos em tecnologia é sucedida por grandes quedas em todas essas medidas de crescimento econômico.
O estudo, intitulado Why the Technology Economy Matters,revela que sempre que as empresas reduzem os gastos com tecnologia para aumentar o lucro — como as empresas de muitos setores estão fazendo agora — a rentabilidade entra em declínio. O PIB também cai drasticamente. E, em alguns anos, a produtividade do trabalho em toda a economia reduz, também.
Isso demonstra que as empresas ainda não conseguem utilizar a tecnologia a seu favor para alavancarem a produtividade. A maioria das companhias direciona apenas 5% de suas receitas para tecnologia, valor nada impressionante perto de outros gastos.
Depois de um período de estabilidade no investimento em tecnologia, os gastos voltaram a ter uma queda com o anúncio de grandes bancos, que sempre investiram muito em TI, de que devem promover cortes da ordem 25% a 30% nos orçamentos de tecnologia.
"As empresas estão cortando um investimento crítico que poderia impulsionar a próxima onda de crescimento", diz Howard Rubin, consultor sênior da BCG e principal autor da série. "Em muitos casos, esse investimento poderia criar alavancagem enorme, diminuindo outras despesas muito mais rapidamente do que os aumentos dos gastos com tecnologia. Mas isso só pode acontecer se as empresas gerenciarem bem seus investimentos em tecnologia."
Tornando o invisível visível
O relatório da BCG destaca tendências recentes em "intensidade tecnológica", uma métrica desenvolvida pela própria consultoria, a qual revela um impacto econômico de US$ 6 trilhões para as corporações em todo o mundo em despesas totais com TI a cada ano. O cálculo da intensidade tecnológica usa uma fórmula patenteada pela BCG para analisar os gastos com tecnologia em relação às receitas de uma empresa e de uma indústria e às despesas operacionais.
Em toda gama de indústria, as empresas com alta intensidade tecnológica também têm margens brutas elevadas. Além disso, a intensidade tecnológica e as margens brutas tendem a aumentar e a diminuir conjuntamente. Esse efeito foi visto antes e depois do recente crash econômico mundial. No período que antecedeu a recessão iniciada em 2007, as empresas estavam investindo fortemente em tecnologia em relação às receitas e despesas operacionais, e as margens brutas estavam subindo. Essa tendência continuou a acelerar até 2009, quando as empresas reduziram dramaticamente o investimento em tecnologia. Depois disso, a intensidade da tecnologia caiu abruptamente, juntamente com as margens brutas, o PIB e a produtividade.
"O relatório diz que os executivos precisam de novas métricas e novas formas de pensar para navegar na economia tecnológica e abordar as muitas decisões de investimento em que a tecnologia desempenha um papel fundamental", diz Ralf Dreischmeier, líder global de vantagem tecnológica da BCG e co-autor da série. "Para navegar com sucesso na economia da tecnologia, eles devem criar, medir e monitorar métricas econômicas virtuais tão cuidadosamente quanto métricas sobre o mundo físico."Os autores da série argumentam que, dado o rápido surgimento de produtos e modelos de negócios disruptivos e o poder transformador das tecnologias digitais, os executivos devem se tornar mestres da "economia tecnológica" global, que é capaz de detectar o impacto econômico da rápida mudança tecnológica e de responder com rapidez e previsão a esses mudanças. Aqueles que obtiverem sucesso são aqueles que extraíram o máximo da tecnologia, o que a BCG chama de vantagem tecnológica.
Fonte: ComputerWorld